domingo, 28 de março de 2010

Ponto de fuga

Neste fim-de-semana aproveitei pra varrer o passado - fotos digitais "antigas". Tinha fotos em CD (2001 a 2004) e DVD (2004 em diante). Percebi que todas as minhas fotos cabem, com folga, num disco externo de 1 TB... Um disco de 1,5 Tb externo, hoje e aqui no Brasil, sai por menos de R$ 500.

Em perspectiva tradicional, o ponto de fuga é aquele ponto no plano pra onde convergem as linhas de profundidade. Qualquer coisa muito distante, representada nessa forma de perspectiva, no máximo chega a esse ponto. Aumentar a distância não muda a perspectiva.

Acho que chegamos (felizmente!) a um ponto de fuga de capacidade de armazenagem de dados - pelo menos para armazenar fotos. A partir deste ponto, todas as fotos cabem num lugar só.

Fazendo uma continha em papel de pão, esse disco de 1 TB pode conter umas 200.000 fotos de 12 megapixels (em média 5MB por foto). Contando desde 1997, quando comecei a escanear fotos de filme (comprei minha primeira câmera digital só em 2001), isso daria mais de 15.000 fotos por ano, mais de 40 fotos por dia. Em viagens "das boas" eu já tirei uma média de quase 80 fotos por dia, com picos de umas 200 num dia só, mas após a viagem voltava ao cotidiano de umas poucas fotos por semana.

Claro que as câmeras vão continuar crescendo em megapixels, mas os computadores também vão continuar crescendo em capacidade de armazenamento, e creio que mais rapidamente que as câmeras, porque (outro ponto de fuga) a partir de vários megapixels - 8, 10, talvez um pouco mais -, o aumento de detalhes ou qualidade da imagem não é facilmente perceptível.

Arrisco dizer que a partir de hoje dá pra manter tudo no computador (com backups, claro!), e, à medida que trocamos de computador, simplesmente vamos copiando tudo de um pro próximo.

----------------------------

Quem gosta de filmar deve estar sorrindo cinicamente pra mim agora... Acho que temos ainda que aguardar alguns anos pra chegar ao ponto de fuga pra armazenagem de vídeo digital, ainda mais em HD (uns 300MB ou mais por minuto)...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Juazeiro do Norte - CE

Estátua de Padre Cícero em Juazeiro do Norte.
Não, não é um chifre.



Ex-votos

Ex-votos

Ex-votos

E, é claro, a "santa lojinha".

Jericoacoara

quinta-feira, 18 de março de 2010

O que as câmeras digitais fizeram à fotografia?

1996 - Estava começando a mergulhar um pouco mais seriamente na fotografia, começando por uma particularmente complicada - submarina. O equipamento básico (Motormarine II EX, com um flash externo) não servia pra muito em si - era ainda preciso comprar uma lente grande-angular e uma macro. A câmera era mecânica e manual, era preciso ajustar foco, abertura e velocidade antes de cada foto. Só tirava 36 fotos (ou até umas 40 com filme rebobinado generosamente).

Após cada mergulho, eu precisava trocar o filme.

Após cada viagem, eu visitava um bom laboratório, pra revelar. Às vezes a revelação levava uma hora, às vezes (quando os filmes eram muitos) levava um dia.

Depois era projetar slides (após cortar e montar), montar álbuns, tirar cópias extras para amigos, fazer ampliações, mandar pelo correio...


O que aconteceu com a fotografia?

Câmeras digitais estão nas mãos de todos. Ou nos celulares de todos...

Elas baratearam? De certa forma sim, mas já era possível antes comprar uma câmera compacta, de filme, barata. Por que essas câmeras não eram tão onipresentes quanto as digitais hoje?

Há alguns anos, quando comecei a dar aulas de fotografia submarina, os alunos eram poucos, e eu acreditava que o preço do equipamento era um fator limitante.

Eu estava redondamente enganado; o que me abriu os olhos foi o surgimento de câmeras digitais compactas, com caixas-estanque, e que custavam mais que as câmeras de filme submarinas boas... E vi pessoas perdendo câmeras por causa de alagamento, às vezes por negligência, e logo em seguida comprando outra, melhor ou mesmo igual - quando não dava nem tempo pra sair um modelo mais novo.

Hoje me parece que o apelo mais forte da fotografia digital é o imediatismo (não estou criticando, apenas constatando - acho que tem um lado bom e um lado ruim); tem também a praticidade, a tolerância a falhas (imagine colocar o ISO errado numa câmera de filme e descobrir só depois de bater as 36 fotos), a "modernidade", etc... A lista de vantagens sobre o filme é grande.

Mas, voltando ao imediatismo, não há como negar o fator "cool" de clicar e logo em seguida ver o resultado num lindo display LCD colorido...

Por outro lado, parecemos dar menos valor a fotografia digital que dávamos à fotografia em filme: não imprimimos mais nossas fotos (apesar de ser muito mais fácil fazê-lo agora, em casa ou pela internet), não as divulgamos (porque são MUITAS e muito grandes pra mandar por e-mail), e às vezes nem as baixamos no computador... Sem falar em esquecer de fazer backup! Sei de pessoas que já perderam anos de fotografias familiares por causa de um disco rígido pifado. Essas fotos se foram pra sempre (*).


Oferta e demanda

Um produto fácil de produzir, abundante, ou comum, tende a ser de baixo preço.

Será que a fotografia digital é tão "fácil" e tão "abundante" que o seu valor percebido é baixo?

Será que ela é boa pra uma satisfação imediata, mas descartável - porque será que não pensamos nela como algo a se guardar pro futuro, como fazíamos com nossas fotos em filme?

Será que o problema é só que não temos mais tempo pra isso?


Quantidade gera qualidade

Clique. Ficou ruim? Repita.

Até conseguir um bom resultado ou até não se importar mais.

Li na Veja, há algum tempo, um artigo (se eu não me engano do Cláudio Moura e Castro) falando da sociedade da tentativa-e-erro. Num videogame, o personagem morre, reaparece e tenta de novo, repetidamente, até conseguir passar de fase ou até o jogador perder o interesse. O artigo traçava alguns paralelos com estudo, carreira, e até com relacionamentos amorosos.

E porque não aconteceria o mesmo com a fotografia? Tiramos muito mais fotos digitais que tirávamos com filme. Tiramos várias fotos da mesma coisa. Tiramos fotos de bobagens, às vezes uma foto dessas fica muito boa.

A quantidade acaba gerando qualidade - se o fotógrafo se dispuser a separar o joio do trigo, é claro... Quantos de nós gastam tempo selecionando as fotos boas, e depois trabalhando-as?

Eu ainda prefiro preparação a iteração. Um grande fotógrafo submarino (não me lembro agora quem) disse uma vez que, toda vez que alguém comenta que ele tem muita sorte por conseguir tirar determinadas fotos, responde algo como:

- Realmente tenho muita sorte. E, quanto mais eu pratico, quanto mais estudo meu equipamento, quanto mais estudo o que vou fotografar e quanto mais me preparo para cada foto, mais sorte eu tenho.


-----------------------------

(*) Faça backup de suas fotos e vídeos, de preferência em dois conjuntos diferentes, em mídias diferentes - sugiro gravar dois conjuntos de DVDs, de marcas diferentes, mantê-los em locais diferentes, e testar anualmente pra ver se deu alguma falha de leitura. Se deu, use a cópia restante pra criar outro backup.

Parece exagero? Não é. Pense nas suas memórias que podem ser perdidas!

Olhodotubarão, reloaded

Olá! Seja bem-vindo ao meu blog!

Este blog substitui meu antigo site, www.olhodotubarao.fot.br.